- Por Bctrims em 04 de Maio de 2023
                             
                           
                        
                        
                        
                        Esclerose múltipla, drogas modificadoras de doença e risco de efeito adverso perinatal e na gravidez: resultados de um estudo de coorte populacional.
                        
                        
                        
						
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Langer-Gould	,	Fredrik	Piehl	,	Kyla	McKay,	Thomas	Frisell	and	Neda	Razaz.
Multiple	Slerosis	Journal DOI:	10.1177/135245852311
Introdução (Justificativa	e	Objetivo):
A	esclerose	múltipla	é	uma	doença	autoimune	e	inflamatória	do	sistema	nervoso	central	que ocorre	predominantemente	em	mulheres	em	idade	reprodutiva.
Os	 neurologistas	 geralmente	 recomendam	 a	 retirada	 das	 drogas	 modificadoras	 de	 doença (DMDs)	antes	da	concepção,	exceto	em	casos	selecionados	em	que	o	risco	de	piora	da	doença supera	 o	 risco	 de	efeitos	adversos	ao	 feto. Entretanto,	ainda	 há	 dúvida	 quanto	a	 decisão	 da retirada	das	DMDs	e	impacto	na	evolução	da	doença,	assim	como	na	manutenção	e	risco	para o	neonato.
Muitos	 estudos prévios mostraram	 que	 a	 EM	 parece	 aumentar	 o	 risco	 de	 parto	 cesárea, nascimento	pré-termo, tamanho	menor	para	a	idade	gestacional	e	malformação. Entretanto, aumento	 do	 risco	 de	eventos	adversos durante	a gestação	em	mulheres	 com	EM	não	foramrelatados. Poucos	 estudos	 consideraram	 fatores	 específicos	 relacionados	 a	 EM	 (tratamento, nível	 de	 incapacidade,	 surtos	 durante	 a	 gestação)	 e	 a	 possibilidade	 de	 influenciarem	 em intercorrências	na	gestação.
O	 objetivo	 desse	estudo	 foi	avaliar	as	associações	entre	EM	e	gravidez,	assim	 como	risco	 de eventos	adversos	no	período	perinatal	em	um	coorte	da	população	com	diagnóstico	de	EM	e comparar	 com	 um	 grupo	 controle. Além	 disso,	 avaliar	 o	 impacto	 do	 uso	 das	 DMDs antes	 e durante	a	gestação	no	feto.
Métodos
Utilizando	o	número	individual	de	identificação	nacional	de	mães	e	recém-nascidos os	dados foram	 obtidos	 do	 banco	 nacional	 de	 dados	 para	 esclerose	 múltipla	 da	 Suécia,	 que	 cobre aproximadamente	80%	de todos	os	pacientes	com	EM	desde	2000	e	coleta	dados	longitudinais referentes	a	doença.
Os	 dados	 referentes	 ao	 nível	 educacional	 e	 país	 de	 origem	 foram	 obtidos	 do	 Registro	 de Educação	Nacional e	Registro	da	População	Total,	respectivamente. Foi	utilizado	uma	versão sueca	 do	 International	 Classification	 of	 Diseases	 10th	 Revision	 (ICD-10) para	 código	 de diagnóstico.
Seleção	dos	participantes
Foram	selecionadas	pacientes	que	receberam	o	diagnóstico	de	EM	antes	de	engravidarem	no período	de	01	janeiro	de	2006	a	12	de	dezembro	de	2020.	O	corte	inicial	foi	em	2006 quando	o Registro	Nacional	de	Prescrição	de	DMDs	foi	iniciado.
A	 data	 de	 início	 da	 doença	 foi	 considerada	 na	 primeira	 vez	 que	 o	 ICD	 10	 foi	 introduzido	 no sistema	 do	 banco	 de	 dados. As	 mulheres	 sem	 diagnóstico	 de	 esclerose	 múltipla	 foram selecionadas	da	população	em	geral.
Exposição	a	DMD
A	 informação	 referente	 a	 exposição	 as	 DMDs	 foram	 obtidas	 do	 Registro	 de	 Prescrição	 de Medicações	da	Suécia.	O	grupo	exposto	consistiu	em	mulheres	que	utilizaram	interferon	beta, fingolimode,	natalizumabe,	glatirâmer	e	 fumarato	de	dimetila	3	meses	antes	da	concepção	e durante	 a	 gravidez. Devido	 ao	 efeito	 estendido	 do	 Rituximabe,	 a	 janela	 de	 exposição	 de	 6 meses	foi	definida	para	mulheres	expostas	antes	da	concepção	e durante	a	gravidez.	O	grupo considerado	 não	 exposto	 consistiu	 em	 nascimentos	 de	 mulheres	 com	 EM	 não	 expostas	 a qualquer DMD	dentre	12	meses	da	gravidez.
Resultados	relacionados	a	gestação	e	período	perinatal 
Os	 resultados	 relacionados	 a	 gravidez	 foram	 diabetes	 gestacional,	 pré-eclâmpsia,	 infecção materna, disrupção/hemorragia	 placentária,	 distócia,	 lesão	 do	 esfíncter	 anal,	 indução	 no trabalho	de	parto,	via	de	parto	e	hemorragia	pós-parto.
Desfecho	relacionado	ao	período	perinatal	incluiu	nascimento	pretermo	(menos	37	semanas), espontâneo	ou	induzido	por	medicação,	nascimento	com	baixo	peso	para	a	idade	gestacional, baixo	Apgar	 (menor	que	7	com	5	minutos),	presença	de	malformação	maior	no	primeiro	ano de	vida,	e as	seguintes	complicações:	infecções,	hipoglicemia,	icterícia e	estresse	respiratório.
A	 idade	 gestacional	 foi	 estimada	 pelos	 seguintes	 métodos	 de	 forma	 hierárquica: ultrassonografia	 oferecida	 até	 o	 início	 do	 segundo	 trimestre,	 data	 da	 última	 menstruação relatada	 na	 primeira	 consulta	 de	 pré-natal	 e	 pós-natal.	 Nascimento	 pré-termo	 indicado	 foi definido	 como	 nascimento	 antes	 da	 data	 provável	 do	 parto	 por	 parto	 normal	 induzido	 ou cesariana.	 Neonato	 considerado pequeno	 para	 a	 idade	 gestacional	 foi	 definido	 como	 dois desvios	 padrão	 abaixo	 do	 peso	 para	 a	 idade	 gestacional	 de	 acordo	 com	 os	 dados	 suecos.
Aborto	 induzido	 devido	 a	 malformação	 detectada	 é	 legal	 até	 21	 semanas	 de	 gestação	 na Suécia, assim esses	casos	não	são incluídos no	Banco	Nacional de	Nascimentos.
Outras	variáveis
Características	 maternas	 que	 foram	 incluídas:	 idade	 do	 parto,	 região	 de	 origem,	 nível educacional,	habitação	com	o	parceiro,	paridade,	índice	de	massa	corporal,	tabagismo	durante a	 gravidez,	 ano	 do	 parto	 e	 condições	 crônicas	 preexistentes	 como	 hipertensão	 arterial sistêmica	e	diabetes.
Resultados
Foram	 avaliadas	 29,568	 gestações,	 dessas	 3418	 foram	 gestações	 de	 2310	 mulheres	 com diagnóstico	de	esclerose múltipla.	Um	 total	de	 1172	 (34%)	 foram	expostas	a	DMDs	dentre	 3 meses	 (6	 meses	 para	 Rituximabe)	 antes	 da concepção	 ou	 durante	 a	 gravidez. Em relação à exposição,	 536	 foram	 expostas	 a	 interferon	 beta,	 138	 glatirâmer,	 225	 a	 rituximabe,	 302	 a natalizumabe	e	35	a	fingolimode.	Durante	a	gravidez,	220	(7,2%)	das	mulheres	apresentaram surtos.
Mães com	 EM	 apresentaram	 maior	 risco	 de	 cesárea	 eletiva,	 parto	 instrumental,	 infecção maternal,	 hemorragia	 pré-parto,	 abrupção	 placentária	 comparado	 com	 mulheres	 sem	 EM.
Após	 o	 ajuste	 para	 potenciais	 confundidores,	 neonatos	 de	mulheres	 com	 EM	 tiveram	maior risco	 de	 nascimento	 pré-termo,	 nascimento	 pré-termo	 indicado	 (menos	 de	 37	 semanas)	 e menor tamanho ao	 nascimento	 para	 idade gestacional	 que	 neonatos	 de	 mulheres	 não afetadas.
Os	neonatos	das	mulheres	expostas	as	DMDs	não	apresentaram	maior	risco	de	malformações maiores	 comparado	 aos	 não	 expostos	 (4,4%	 vs	 4,7%). Dos	 52	 casos	 de	 malformação identificados	no	grupo	exposto	as	DMDs,	34	foram	expostas	a	interferon	beta/glatiramer,	1	a fingolimode,	 10	 a	 rituximabe	 e	 7	 a	 natalizumabe.	 Na	 análise	 ajustada,	 não	 houve	 aumento significativo	do	risco	de	resultado	adverso	neonatal	entre	os	dois	grupos,	exceto	pelo	aumento do	risco	de	estresse	respiratório nos	neonatos	das	mulheres	expostas	(5,0%	vs	3,1%).
Surtos	durante	a	gravidez	foram	associados	apenas	ao	aumento	do	risco	de	parto	indicado prétermo,	 mas	 não	 ao aumento	 do	 risco	 de	 evento	 adverso	 neonatal	 quando	 comparado	 as mulheres	sem	surtos.
Mulheres	com	alteração	moderada/grave	no	exame	neurológico	tiveram	maior	frequência	de cesárea	eletiva	(11,4%	vs	17,8%),	cesárea	de	emergência	(7,3%	vs	11,3%) e	parto	instrumental (8,4%	 vc	 10,7%).	 Comparado	 com	 mulheres	 com	 achados	 leves/moderados	 no	 exame neurológico,	 filhos	 de	 mulheres	 com	 achados	 moderados/graves	 tiveram	 um	 maior	 risco	 de parto	espontâneo	pré-termo.
A	 frequência	 de	 cesárea	 de	 urgência,	 parto	 instrumental	 e	 distocia	 do	 parto	 foi	 maior	 em pacientes	com a	forma primariamente	progressiva quando	comparada	a	remitente	recorrente.
Conclusão
Nesse	estudo foi	observado	que	mulheres	com	EM	apresentam	um	pequeno	aumento	do	risco de	 efeitos	 adversos	 no	 parto,	 na	 gestação	 e	 no	 neonato,	 que	 podem	 estar	 relacionados	 a fatores	 associados	 a	 própria	 doença	 e comorbidades. Entretanto,	 não	 foram	 encontradas evidências	 que	 a	 exposição	 as	 DMDs	 por	 curto	 período	 antes	 ou	 durante	 a	 gestação	 está associado	com	aumento	do	risco	de	eventos	adversos	maiores	no	parto	e	perinatal. Em	geral,
o	risco	absoluto de	resultados	adversos	foi	pequeno	e	não	devem	influenciar	o	planejamento familiar,	mas	 sim conscientizar	 sobre	 a	 importância	 da	monitorização	 cuidadosa	 da	 gravidez em	pacientes	com	EM.
Multiple Slerosis Journal DOI: 10.1177/135245852311
Recebido: 27 Setembro 2022; Revisado: 3 fevereiro 2023; Aceito: 10 fevereiro 2023. Publicado: abril/2023
                                                                                                                                                                        
                        
                                                
                                                
						                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       
                        
                                                
                                                
						                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       
                        
                     
                    
                    
                    
                    
                    
                    
                      
                    
                    
                    
                    
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